Contribuintes devem aproveitar este mês para gastos dedutíveis no IR
Com a estimativa da Secretaria da Receita Federal de que apenas
50% dos R$ 24 bilhões arrecadados com o Imposto de Renda (IR) 2013 serão
restituídos aos contribuintes até o final do ano e de que o valor se manterá no
ano que vem, os contadores lembram da possibilidade de aproveitar este mês para
realizar procedimentos dedutíveis e evitar a dor de cabeça durante 2014. A dica
é aproveitar até o dia 31 de dezembro para realizar aqueles procedimentos ou
consultas médicas que foram postergados durante o ano ou investir um pouco mais
em planos de previdência privada e, quem sabe, diminuir o saldo devedor.
A advogada e contadora Ana Paula Queiroz, da Moresco Contabilidade, lembra que, mesmo que o cidadão não
caia na malha fina da
Receita, a restituição pode demorar até um ano para chegar ao bolso do
contribuinte, logo, “as deduções podem ser uma boa maneira de ter parte do
dinheiro investido diretamente em si mesmo ou na família”.
Os planos de previdência privada também são uma boa alternativa
para redução do valor do imposto devido, porém, nesse caso, há um limite legal
de dedução - até 12% dos rendimentos tributáveis. “Temos o Plano Gerador de
Benefício Livre (PGBL), que pode ser deduzido, porém, é importante mencionar
que, no momento do resgate, incidirá Imposto de Renda sobre o valor aplicado
acrescido do rendimento. Ao contrário do Vida Gerador de Benefício Livre
(VGBL), que não é dedutível, mas, no momento do resgate, incidirá imposto
apenas sobre o seu rendimento”, alerta o contador da Fortus Consultoria Evanir
Aguiar.
Ana Paula indica ainda que os contribuintes analisem a forma de
declaração que vale mais a pena, quais despesas podem ser abatidas e, no caso
de declarações com dependentes, qual declarante tem mais vantagens com a
dedução. “Atualmente, até mesmo os tratamentos de fertilização ou
fecundação podem ser deduzidos dos homens por se acreditar que o dependente é
responsabilidade dos dois”, pontua, indicando uma análise criteriosa de como
tirar proveito das opções oferecidas pela Receita Federal.
Apesar de ainda dar tempo de investir nos gastos dedutíveis, o
planejamento durante o ano inteiro ainda é a melhor forma de garantir o
preenchimento correto do Imposto de Renda e o pagamento justo do tributo.
Preocupado em guardar os documentos desde que começou a fazer a Declaração do
Imposto de Renda (Dirpf), João Otto Klepzig organiza em uma pasta todos os
comprovantes de pagamento de honorários médicos e do seu seguro saúde, além dos
recibos salariais, dividindo-os por assunto. O aposentado faz questão de
conferir se todos os documentos foram preenchidos adequadamente para não ter
problemas com o fisco, sempre olhando “se tem carimbo do médico, endereço e
outros dados de identificação, para evitar que mais tarde os papéis sejam
devolvidos por falta de informações”.
Klepzig também aproveita a possibilidade de dedução do Imposto
de Renda para fazer doações a instituições beneficentes. O repasse de parte do
valor total a projetos e instituições beneficentes de âmbito federal, estadual
ou municipal é recomendado àqueles que certamente terão de acertar as contas
com o fisco.
O pagamento é feito por meio de um Documento de
Arrecadação de Receitas Federais (Darf) , gerado no próprio programa do
Imposto de Renda. Aqueles que não quiserem ultrapassar o limite de até 6% do
Imposto de Renda para doações podem reunir agora todos os documentos e fazer
uma projeção de quanto será pago, realizando a doação sobre o saldo parcial.
A Lei Rouanet, de âmbito nacional, é a mais conhecida
regulamentação de doações a atividades artísticas, culturais e sociais. Em
Porto Alegre, o Funcriança disponibiliza em seu site a listagem completa dos
projetos aprovados e aptos a receber as verbas. O donativo também pode ser
feito no momento de preenchimento da declaração, porém, a taxa dedutível cai
para 3%.
Arrecadação com receitas
extraordinárias será recorde, afirma Receita
A Receita Federal (RF) informou que a a arrecadação com receitas
extraordinárias será recorde neste ano. Até novembro, essas receitas já somaram
R$ 24,376 bilhões, próximo, portanto, do recorde anterior, de 2009 (R$ 24,934
bilhões). A expectativa da Receita é que esse valor seja superado com a entrada
de mais recursos extraordinários em dezembro.
A maior parte da arrecadação extraordinária de 2013 veio da
recuperação de impostos atrasados. Os três programas especiais de pagamento de
dívidas tributárias lançados neste ano pela União já renderam R$ 20,376
bilhões. O número divulgado ficou de acordo com o que o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, havia estimado na quinta-feira, dia 5. Um desses programas, porém,
só se encerra em dezembro, o que permite que mais empresas adiram às condições
especiais e paguem seus débitos.
Além desses recursos, a Receita já havia arrecadado, também
extraordinariamente, R$ 4 bilhões. Desse total, R$ 3 bilhões foram recolhidos
com impostos sobre os ganhos da BB Seguridade com vendas de ações na bolsa de
valores. O outro R$ 1 bilhão foi obtido com o depósito judicial de uma empresa
que questiona cobrança de tributos na Justiça.
Fonte: Jornal do Comercio
Comentários